Nos últimos meses, houve um expressivo aumento nas queixas relacionadas a cancelamentos unilaterais de planos de saúde, especialmente nos contratos coletivos. Esse cenário tem gerado preocupações, levando a mobilizações no Senado, onde estão sendo discutidas formas de proteger os usuários, em especial os mais vulneráveis. Entre as medidas mais importantes está o Projeto de Lei 2.036/2024, apresentado pelo senador Fabiano Contarato (PT-ES), que tem como objetivo impedir que operadoras de saúde cancelem contratos de pessoas idosas ou com deficiência sem justa causa.
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Proposta de Lei: Mudanças nos planos de saúde e seus impactos
Atualmente, as operadoras de planos de saúde têm a possibilidade de rescindir contratos de forma unilateral, desde que haja previsão no contrato e o aviso seja feito com 60 dias de antecedência. No entanto, essa prática tem gerado uma situação de insegurança para muitos usuários, especialmente para idosos e pessoas com deficiência, que frequentemente enfrentam dificuldades em encontrar novos planos de saúde com condições semelhantes.
O Projeto de Lei 2.036/2024 visa acabar com essa incerteza, proibindo as operadoras de realizarem o cancelamento unilateral de contratos com usuários vulneráveis. Segundo o senador Fabiano Contarato, essa prática deixa as pessoas em uma posição extremamente precária, sem garantias de continuidade do atendimento médico.
Cancelamentos unilaterais: Impacto nas vidas dos beneficiários
Segundo informações da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), aproximadamente 6 mil reclamações sobre cancelamentos unilaterais de planos de saúde foram registradas nos primeiros meses de 2024. Além disso, o portal consumidor.gov.br, mantido pela Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), recebeu mais de 5 mil queixas relacionadas a essa prática entre abril de 2023 e janeiro de 2024.
A rescisão unilateral de contratos de planos coletivos, especialmente os empresariais ou por adesão, afeta diretamente a vida de milhares de pessoas, muitas das quais acabam sem alternativas para continuar o tratamento médico ou o acompanhamento regular de suas condições de saúde.
O debate no senado e a busca por soluções
Enquanto o Projeto de Lei de Fabiano Contarato ainda aguarda aprovação para avançar nas comissões do Senado, o tema já está sendo debatido na Comissão de Assuntos Sociais (CAS). Recentemente, o presidente da comissão, senador Humberto Costa (PT-PE), convocou uma audiência pública para ouvir os consumidores, representantes das operadoras de saúde e a ANS sobre a questão dos cancelamentos unilaterais.
Os consumidores que participaram da audiência pública expressaram preocupação com a vulnerabilidade gerada pelo cancelamento dos planos de saúde, especialmente para idosos e pessoas com deficiência. Eles defenderam a proibição dessa prática, argumentando que ela representa uma violação dos direitos básicos dos usuários.
Por outro lado, as operadoras de planos de saúde alegam que, em muitos casos, a rescisão unilateral é uma medida necessária para manter o equilíbrio financeiro do setor. Segundo os representantes das operadoras, a sustentabilidade do sistema de saúde suplementar depende da possibilidade de ajustar os contratos em situações de desequilíbrio financeiro, especialmente nos planos coletivos.
Intervenção do poder legislativo
Além da proposta de Fabiano Contarato, a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) também está buscando mais informações sobre o tema. Ela apresentou um requerimento (RQS 396/2024) à ministra da Saúde, Nísia Trindade, solicitando dados detalhados sobre os contratos de planos de saúde cancelados de forma unilateral em 2024. Entre as informações requisitadas, a senadora quer saber quantos contratos foram rescindidos e os motivos alegados pelas operadoras.
A preocupação de Damares Alves está centrada nos possíveis impactos que o cancelamento desses contratos pode ter sobre a saúde e a dignidade das pessoas afetadas. Segundo a senadora, essa prática não só prejudica diretamente os beneficiários, como também sobrecarrega o Sistema Único de Saúde (SUS), visto que grande parte dos usuários que perde seus planos de saúde acaba buscando atendimento no sistema público para dar continuidade ao tratamento.
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Perspectivas para os planos de saúde no Brasil
O aumento das queixas relacionadas ao cancelamento de contratos de planos de saúde levanta questões importantes sobre o futuro do sistema de saúde suplementar no Brasil. A proposta de Fabiano Contarato de proteger os usuários mais vulneráveis é um passo importante para garantir que os direitos dos consumidores sejam respeitados, especialmente quando se trata de saúde.
No entanto, o equilíbrio entre a proteção dos direitos dos beneficiários e a sustentabilidade financeira das operadoras de planos de saúde ainda é um desafio. As discussões no Senado e nas comissões públicas serão cruciais para definir o futuro desse setor, e a busca por soluções que beneficiem todas as partes envolvidas será essencial para garantir a continuidade do acesso à saúde suplementar de forma justa e sustentável.
Considerações finais
A questão dos cancelamentos unilaterais de planos de saúde no Brasil é uma preocupação crescente, especialmente quando se trata de contratos de idosos e pessoas com deficiência. O Projeto de Lei 2.036/2024 surge como uma tentativa de acabar com essa prática, protegendo os direitos dos consumidores mais vulneráveis.
A resposta das operadoras de planos de saúde, no entanto, indica que há desafios a serem enfrentados para garantir a viabilidade financeira do setor. O futuro do sistema de saúde suplementar no Brasil dependerá de como essas questões serão resolvidas no âmbito legislativo e nas discussões com os diferentes atores envolvidos.
Imagem: Senado Federal/Marcos Oliveira/Agência Senado