O retorno do horário de verão no Brasil voltou a ser um tema em pauta, mobilizando especialistas, a população e o governo. Recentemente, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) recomendou a reavaliação da prática, suspensa em 2019, devido à sua baixa eficiência na economia de energia e ao impacto social observado.
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Histórico e razões para a suspensão

O horário de verão foi implementado pela primeira vez no Brasil em 1931 e passou a ser aplicado de forma contínua a partir de 1985 até sua suspensão em 2019. A decisão de interromper essa prática foi baseada em estudos que demonstraram que a economia de energia proporcionada pela mudança de horário era mínima, especialmente considerando o atual cenário de consumo e geração. O governo alegou que os benefícios já não justificavam a continuidade da medida, levando em conta também os impactos negativos no relógio biológico da população, como problemas de sono e saúde geral.
A decisão sobre o retorno do horário de verão ainda está em aberto. O governo federal deve considerar todos os impactos antes de uma decisão definitiva. Enquanto isso, o debate continua, evidenciando a complexidade de equilibrar os benefícios energéticos, econômicos e sociais dessa prática histórica. A sociedade brasileira permanece atenta às discussões, refletindo as diversas opiniões e preocupações em torno dessa medida.
Opinião pública dividida
A opinião sobre a possível volta do horário de verão é polarizada. Um levantamento recente revelou que 54,9% dos entrevistados são favoráveis à reintrodução da medida, enquanto 25,8% se opõem. Os índices de apoio são mais altos nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, onde a prática era mais comum. No entanto, uma parte considerável da população acredita que a mudança de horário não resulta em economia significativa nem traz benefícios reais para o cotidiano.
Vantagens apontadas pelos defensores
Os defensores da volta do horário de verão argumentam que a medida promove um melhor aproveitamento da luz solar, reduzindo o consumo de energia elétrica em horários de pico, especialmente no final da tarde. Essa redução na demanda elétrica pode evitar a ativação de usinas térmicas, que são mais caras e poluentes. Comerciantes, especialmente do setor de bares e restaurantes, também defendem a mudança, alegando que ela estimula o consumo e amplia o horário de funcionamento, beneficiando a economia local.
Perspectiva do governo e próximos passos
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que, apesar das recomendações do ONS, não há risco de falta de energia em 2024, graças ao bom planejamento dos recursos hídricos e à situação dos reservatórios das usinas hidrelétricas. No entanto, ele reconhece que é fundamental pensar a longo prazo, especialmente para 2025 e 2026, a fim de garantir a segurança do suprimento energético. A reintrodução do horário de verão, segundo Silveira, pode ser uma medida complementar, mas requer uma avaliação cuidadosa dos impactos econômicos e sociais.
Impactos econômicos e sociais
A adoção do horário de verão não se restringe a questões energéticas. Muitos brasileiros relatam dificuldades em se adaptar à mudança de horário, que afeta o ciclo do sono e pode impactar a produtividade. Estudos sugerem que a economia gerada pela alteração no horário é modesta e que os custos sociais, como aumento do estresse e problemas de saúde, podem superar os benefícios econômicos.
Cenários futuros
Caso o horário de verão seja reintroduzido, a proposta é que siga um padrão estabelecido por decreto, iniciando no terceiro domingo de outubro e terminando no terceiro domingo de fevereiro, com possibilidade de adiamentos em datas como o Carnaval. O governo espera que a reintrodução resulte em uma redução no consumo de energia durante os horários de pico, estimada entre 4% e 5%, aliviando o sistema elétrico em momentos críticos de demanda.