A Caixa Econômica Federal, responsável por aproximadamente 70% dos financiamentos imobiliários no Brasil, anunciou mudanças significativas em suas regras de financiamento. Essas alterações visam adaptar o banco ao cenário econômico atual e aumentar o controle sobre o crédito habitacional oferecido. As mudanças impactam diretamente tanto os compradores de imóveis quanto o mercado imobiliário em geral.
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Alterações nos limites de financiamento

A partir de outubro de 2024, a Caixa reduziu o percentual máximo de financiamento para imóveis novos e usados. Anteriormente, o banco permitia que até 90% do valor do imóvel novo fosse financiado, mas agora esse teto foi reduzido para 80%. Em relação aos imóveis usados, o percentual financiável, que antes chegava a 70%, caiu para 60%. Essa redução exige que os compradores desembolsem uma entrada maior, aumentando o montante que precisa ser pago diretamente. Isso pode dificultar o acesso ao crédito imobiliário para muitas famílias, que já enfrentam um cenário financeiro desafiador.
Essa medida afeta especialmente quem utiliza a Tabela Price, um dos métodos de amortização mais comuns no Brasil. Nesse sistema, as parcelas permanecem fixas ao longo do tempo. Para quem opta pela Tabela SAC, onde as parcelas diminuem ao longo do período, o impacto é um pouco diferente, mas o aumento na exigência de entrada também se aplica. Em ambos os casos, os novos limites de financiamento tornam a aquisição de imóveis mais onerosa.
Novas condições para imóveis usados
Além das mudanças nos percentuais de financiamento, a Caixa implementou regras mais rígidas para a compra de imóveis usados. A partir de agora, compradores que já possuem um financiamento ativo não poderão fazer um segundo contrato para a aquisição de outro imóvel. Essa restrição visa reduzir o risco de inadimplência, uma vez que o comprador precisará liquidar seu financiamento atual antes de poder adquirir outra propriedade com crédito do banco.
Essa nova condição pode desacelerar o mercado de imóveis usados, já que muitas pessoas que buscavam adquirir um segundo imóvel como investimento ou para aluguel terão que reconsiderar seus planos. Com as novas condições, há um maior desafio para quem deseja expandir seu portfólio imobiliário.
Impacto no setor imobiliário
As mudanças nas regras de financiamento da Caixa podem ter um impacto significativo no mercado imobiliário, que já enfrenta desafios econômicos com o aumento das taxas de juros. Especialistas indicam que a atual alta da taxa Selic, que deve alcançar 12% até o início de 2025, aliada às novas exigências do banco, pode desacelerar ainda mais as vendas de imóveis, soobretudo os usados.
Com o aumento dos custos de entrada para o financiamento e a elevação das parcelas, muitas famílias e investidores poderão adiar ou desistir de seus planos de compra. Isso pode frear o crescimento do setor imobiliário, que já estava enfrentando os impactos do aumento das taxas de juros e da diminuição do poder aquisitivo dos consumidores.
O cenário do crédito imobiliário
Em 2024, a busca por crédito imobiliário ultrapassou as projeções da Caixa Econômica Federal. Até setembro, a instituição havia liberado R$ 175 bilhões em financiamentos habitacionais, o que representa um aumento de quase 30% em relação ao mesmo período do ano anterior (2023). Por outro lado, a Caixa Econômica precisou rever as políticas de financiamento por causa do crescimento acelerado
A expectativa é que o cenário continue desafiador para o crédito imobiliário nos próximos meses, à medida que as taxas de juros se mantêm em alta e as novas regras da Caixa limitam o acesso ao financiamento. Para quem pretende comprar um imóvel financiado, a recomendação é realizar simulações detalhadas e ajustar o orçamento, considerando a necessidade de uma entrada maior e o impacto das parcelas no orçamento familiar.
Comparação com outros bancos
Apesar de a Caixa Econômica permanecer como a principal instituição no mercado de crédito imobiliário, as novas diretrizes podem fazer com que muitos consumidores considerem opções em outros bancos. Alguns bancos privados já começaram a aumentar suas taxas de juros em resposta ao cenário econômico, tornando o crédito imobiliário mais caro em todo o mercado.
No entanto, com a redução nos percentuais de financiamento da Caixa, os bancos privados podem se tornar uma opção mais competitiva para alguns compradores, especialmente aqueles que buscam menores exigências de entrada. Por outro lado, as taxas de juros mais altas nos bancos privados também representam um desafio para o comprador, que deve pesar as opções disponíveis antes de decidir.
Estratégias para o futuro
Diante desse cenário, tanto compradores quanto vendedores de imóveis precisarão se adaptar às novas condições do mercado. Para quem pretende comprar um imóvel, é importante considerar estratégias como o aumento da poupança para o valor de entrada e a busca por modalidades de financiamento que ofereçam condições mais flexíveis.
Para o mercado imobiliário, ajustar-se a essas novas diretrizes será essencial para preservar a atratividade das propriedades disponíveis. Empresas do setor terão que encontrar formas de ajudar os compradores a superar as novas barreiras financeiras, seja por meio de parcerias com instituições financeiras ou oferecendo opções de pagamento mais flexíveis.
Implicações futuras para o mercado
Com as novas regras da Caixa e a expectativa de um cenário de crédito mais restrito para 2025, o mercado imobiliário brasileiro pode enfrentar um período de desaceleração. O aumento das exigências para a concessão de crédito pode impactar negativamente as vendas de imóveis, especialmente no segmento de imóveis usados e de menor valor.
Por outro lado, espera-se que o mercado se adapte a essas novas circunstâncias, o que pode levar a uma estabilização nos preços dos imóveis em determinadas áreas, conforme a demanda começa a cair. Para quem tem recursos disponíveis e não depende de financiamento, este pode ser um bom momento para adquirir imóveis a preços mais competitivos.