O governo brasileiro, sob a administração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, está reforçando o controle e fiscalização do Benefício de Prestação Continuada (BPC), um importante programa de assistência social regulado pela Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) e fornecido pelo Instituto Nacional de Seguro Social (INSS). O BPC tem como objetivo fornecer um salário mínimo mensal a idosos e pessoas com deficiência que estão registrados no Cadastro Único (CadÚnico) e vivem em situação de vulnerabilidade socioeconômica, sem condições de se manterem por conta própria.
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Atualização de dados no Cadastro Único (CadÚnico)

Uma das exigências mais importantes para os beneficiários do BPC é a atualização periódica dos dados no CadÚnico, que deve ser feita no Centro de Referência em Assistência Social (CRAS), conforme estabelece o Decreto nº 8.805/2016. Esse processo de atualização deve ser realizado a cada dois anos, e o não cumprimento dessa obrigação pode resultar na suspensão ou cancelamento do benefício. O INSS lançou recentemente uma cartilha informativa que explica os procedimentos de revisão dos dados, ressaltando a necessidade de transparência e conformidade para garantir a continuidade do benefício.
Canais de comunicação e prazos para resposta
O INSS utiliza diferentes mecanismos para se comunicar com os beneficiários durante o processo de revisão, incluindo o envio de cartas, notificações bancárias, ligações da Central 135 e alertas no aplicativo Meu INSS. Os prazos para resposta variam conforme a localidade, podendo ser de 30, 45 ou 90 dias. Caso o beneficiário não responda no prazo estipulado, o benefício é bloqueado temporariamente.
No entanto, há um prazo adicional de seis meses para que o beneficiário atualize seus dados e reative o benefício. Se essa atualização não for feita dentro desse período, o cancelamento se torna definitivo, exigindo que o beneficiário apresente um novo pedido formal de reativação, o que pode envolver burocracias adicionais.
Contexto fiscal e novas políticas de controle
O fortalecimento da fiscalização do BPC está diretamente relacionado ao novo arcabouço fiscal proposto pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e sancionado por Lula. Esse conjunto de medidas substituiu o antigo teto de gastos, adotado no governo Michel Temer, e tem como objetivo equilibrar as contas públicas, controlar as despesas e melhorar a gestão da dívida pública.
Como parte dessa reestruturação fiscal, o governo tem buscado alocar melhor os recursos para programas de assistência, como o BPC, mas também tem exigido maior rigor no processo de atualização dos cadastros dos beneficiários. Isso faz parte de um esforço para garantir que o dinheiro público seja direcionado apenas àqueles que realmente se enquadram nos critérios estabelecidos pelo programa.
Crescimento dos gastos com o BPC
Os gastos com o Benefício de Prestação Continuada têm aumentado significativamente. De acordo com dados do INSS, o valor destinado ao pagamento do BPC no primeiro semestre de 2024 alcançou R$ 44,076 bilhões, representando um crescimento de 19,8% em comparação com o mesmo período de 2023. O número de beneficiários também aumentou, atingindo 1,105 milhão, um crescimento de 40%.
Um dos fatores que contribuiu para esse aumento foi a decisão do governo de permitir que mais de uma pessoa da mesma família pudesse solicitar o BPC, desde que atendesse ao critério de renda per capita de até 25% do salário mínimo. Essa medida ampliou o acesso ao benefício, mas também elevou os custos do programa.
O impacto das novas regras para o BPC
A intensificação da fiscalização sobre o BPC visa garantir que os recursos destinados à assistência social sejam usados de maneira eficiente e transparente. A atualização cadastral frequente permite ao governo identificar possíveis inconsistências e direcionar melhor os benefícios, evitando fraudes e abusos.
Além disso, as novas regras implementadas no processo de revisão do benefício refletem a preocupação do governo em garantir o acesso contínuo aos mais vulneráveis, enquanto controla o crescimento dos gastos públicos. A transparência nas ações do INSS e a fiscalização mais rígida ajudam a manter o programa sustentável no longo prazo.
Perspectivas para o futuro
O fortalecimento das políticas de controle e fiscalização do BPC demonstra a prioridade dada pelo governo Lula à manutenção da transparência e da eficiência nos programas sociais. Embora as exigências adicionais possam gerar desconforto para alguns beneficiários, o objetivo principal é garantir que os fundos públicos sejam destinados a quem realmente necessita, promovendo uma maior justiça social.
No futuro, é possível que o governo amplie ainda mais as medidas de fiscalização e controle, à medida que o país avança em termos de digitalização e melhoria de seus sistemas de monitoramento. Com isso, espera-se uma maior eficácia na distribuição dos benefícios sociais, beneficiando quem realmente depende dessas políticas para garantir uma vida digna.