Em setembro de 2024, a região metropolitana de São Paulo foi impactada por um grande apagão que deixou cerca de 2,3 milhões de consumidores sem energia elétrica, gerando significativos transtornos e prejuízos. A Advocacia-Geral da União (AGU), representada pelo advogado-geral Jorge Messias, anunciou que está preparando uma ação judicial contra a Enel, empresa responsável pela distribuição de energia elétrica, para buscar indenização por dano moral coletivo. A medida visa garantir que a população de São Paulo seja compensada pelas perdas sofridas e, ao mesmo tempo, cobrar melhorias na prestação do serviço.
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Contexto do apagão e os prejuízos à população

O que causou o apagão?
O apagão em São Paulo, que afetou bairros inteiros da capital e da Grande São Paulo, foi mais um episódio em uma série de interrupções recorrentes no fornecimento de energia elétrica na região. Os motivos técnicos específicos que levaram à falha ainda estão sendo investigados, mas autoridades e a própria Enel relataram inicialmente que problemas em linhas de transmissão teriam contribuído para o blecaute.
Consequências para os moradores e o comércio local
Milhares de famílias e estabelecimentos comerciais enfrentaram o apagão com graves prejuízos. Bairros como Santa Cecília, Higienópolis e Vila Buarque ficaram sem energia por horas, afetando residências, hospitais, transportes e empresas locais. Comerciantes relataram prejuízos com alimentos perecíveis e interrupções de operações, enquanto moradores de edifícios residenciais ficaram sem elevadores, luzes de emergência e, em alguns casos, sem água.
A situação gerou uma onda de insatisfação pública, com consumidores questionando a qualidade dos serviços oferecidos pela Enel.
Reincidência de interrupções
Este não foi o primeiro episódio de apagão em São Paulo em 2024. Em março, outro blecaute havia deixado aproximadamente 2,1 milhões de pessoas sem energia. A repetição dos eventos, com a falta de respostas definitivas e ações corretivas pela Enel, intensificou o debate sobre a qualidade da infraestrutura elétrica e a necessidade de uma regulamentação mais rigorosa para evitar novas falhas de fornecimento.
Ação judicial da AGU contra a Enel
Motivação e objetivos da ação
Com o objetivo de compensar a população de São Paulo pelos prejuízos causados pelo apagão de setembro, a AGU, liderada pelo advogado-geral Jorge Messias, decidiu entrar com uma ação judicial de dano moral coletivo contra a Enel. Em sua fala no programa “Bom Dia, Ministro”, transmitido pelo Canal Gov, Messias foi enfático ao afirmar que a Enel deverá responder por todos os danos causados e que a empresa “vai ter que pagar caro”.
A ação visa não apenas a compensação financeira, mas também a responsabilização da concessionária, destacando a gravidade das falhas e a recorrência dos apagões. Messias declarou que o governo federal prioriza o caso e pressiona a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), órgão regulador do setor, a intensificar sua fiscalização e assegurar que concessionárias como a Enel cumpram com suas obrigações de qualidade e continuidade do serviço.
Processo de coleta de dados para embasar a ação
Para fundamentar a ação de forma robusta, a AGU solicitou informações ao Ministério de Minas e Energia, à Aneel e à Secretaria Nacional de Defesa do Consumidor. Estes dados incluem registros de falhas, índices de qualidade do serviço e relatórios de interrupções anteriores que ajudam a contextualizar a repetição das falhas de energia em São Paulo.
Além disso, a AGU pretende utilizar informações de consumidores que registraram queixas formais e de associações de moradores e comerciantes afetados. O material coletado poderá fortalecer os argumentos da União para demonstrar que a empresa não vem cumprindo satisfatoriamente com suas obrigações contratuais.
Iniciativas para melhorar o fornecimento de energia
Pressão sobre a Aneel para fortalecer a fiscalização
Com a repercussão dos apagões, a atuação da Aneel também foi questionada, com críticas sobre a fiscalização da qualidade dos serviços de distribuição. Jorge Messias destacou a responsabilidade da agência reguladora e afirmou que o governo federal cobrará ações efetivas da Aneel para garantir que a Enel cumpra com suas obrigações contratuais e evite novos episódios de interrupções prolongadas de energia.
Demandas para aprimoramento da infraestrutura
Entre as demandas que a ação judicial pode gerar estão exigências de melhorias na infraestrutura da rede de distribuição da Enel em São Paulo. A modernização de sistemas e a implementação de práticas preventivas são alguns dos itens que podem ser incluídos em um possível acordo judicial ou em uma decisão do judiciário em favor da população afetada.
Se a ação for bem-sucedida, a Enel poderá ser obrigada a investir em equipamentos mais modernos, sistemas de monitoramento e planos de contingência para reduzir o tempo de resposta em caso de falhas.
Consequências para a Enel e para o setor elétrico
Danos à reputação da Enel
Além das consequências financeiras, a ação da AGU representa um desgaste significativo para a imagem pública da Enel, que já vinha enfrentando críticas da população e de órgãos reguladores. A publicidade negativa gerada pelos apagões e pela cobrança judicial pode afetar a confiança dos consumidores e das autoridades na concessionária.
Possível influência em outras concessões
A ação judicial movida pela AGU pode ter implicações para outras concessionárias do setor elétrico. Com o governo pressionando por mais rigor na fiscalização e punição de falhas, outras empresas de distribuição e geração de energia podem ser incentivadas a reforçar suas infraestruturas e melhorar seus processos de controle e monitoramento para evitar problemas semelhantes.
Reações à ação da AGU
Manifestação de apoio popular
Desde o anúncio da ação da AGU, a população de São Paulo e diversos setores da sociedade civil manifestaram apoio à medida. Nas redes sociais e em veículos de comunicação, muitos consumidores expressaram alívio e satisfação ao ver o governo tomar uma postura firme contra o que consideram uma negligência recorrente.
Organizações de defesa do consumidor também elogiaram a iniciativa, argumentando que a indenização é um passo importante para responsabilizar a concessionária e proteger os direitos da população.
Resposta da Enel
A Enel ainda não emitiu um posicionamento oficial sobre a ação da AGU. No entanto, a expectativa é que a empresa se pronuncie nas próximas semanas, apresentando sua defesa e justificando os esforços realizados para normalizar o fornecimento de energia em São Paulo.
Além disso, a Enel poderá apresentar um plano de ação detalhado com medidas de aprimoramento da rede, visando amenizar a repercussão negativa e reforçar seu compromisso com a prestação de um serviço de qualidade.
Conclusão: a importância de um fornecimento de energia eficiente
O apagão em São Paulo e as ações subsequentes da AGU evidenciam a importância de um sistema de fornecimento de energia confiável, especialmente em uma região metropolitana com alta densidade populacional e grande número de atividades econômicas dependentes de energia.
Este caso sinaliza um alerta para concessionárias e para a população, reforçando que serviços públicos essenciais devem ser tratados com prioridade e responsabilidade. A cobrança por danos morais coletivos, além de visar a reparação, destaca a necessidade de melhorias contínuas no setor elétrico brasileiro e uma fiscalização mais rigorosa, garantindo que situações como o apagão de São Paulo não voltem a ocorrer.