como funciona a desoneração da folha?
A desoneração da folha de pagamentos é uma medida que permite que empresas de setores específicos substituam a contribuição patronal de 20% sobre a folha salarial por uma alíquota calculada sobre a receita bruta.
Essa alternativa foi criada para reduzir custos trabalhistas e incentivar a geração de empregos em segmentos estratégicos da economia. Atualmente, 17 setores são contemplados por essa medida.
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setores beneficiados atualmente
Entre os setores que usufruem da desoneração, destacam-se:
- Tecnologia da Informação (TI);
- Transporte coletivo;
- Indústria têxtil;
- Construção civil;
- Comunicação.
Essas áreas foram selecionadas devido ao impacto de seus custos trabalhistas e à sua importância para a economia nacional.
Com a aprovação do projeto de lei que prorrogou a desoneração até 2027, empresas desses setores ainda terão alguns anos para se preparar para o retorno à alíquota padrão de 20%.
impacto financeiro da desoneração em 2024
Entre janeiro e agosto de 2024, as empresas economizaram R$ 12,3 bilhões em tributos com a desoneração da folha. Esse valor colocou o programa como a segunda maior renúncia fiscal do ano, atrás apenas das isenções para o setor de adubos e fertilizantes, que somaram R$ 14,95 bilhões.
Em termos gerais, a desoneração fez parte de um total de R$ 97,7 bilhões em benefícios fiscais concedidos pelo governo no período, abrangendo diversas categorias econômicas.

o que muda a partir de 2025?
Com a Lei 14.973, sancionada em setembro de 2024, a desoneração será extinta de forma escalonada, culminando no retorno das empresas ao regime padrão de contribuição ao INSS.
cronograma de extinção
- 2025: Redução gradual dos benefícios de desoneração.
- 2026: Continuação do cronograma de encerramento.
- 2027: Extinção total do programa.
A partir de 2028, todas as empresas deverão recolher 20% sobre a folha de pagamentos, independentemente do setor.
benefícios e críticas ao programa
A desoneração da folha gerou impactos positivos e negativos, dividindo opiniões entre especialistas e representantes de diferentes setores.
vantagens da desoneração
- Redução de custos trabalhistas: Empresas conseguiram aliviar despesas e manter empregos.
- Aumento da competitividade: Recursos economizados foram usados para investir em inovação e expansão de negócios.
- Geração de empregos: Setores beneficiados tiveram melhores condições para contratar mais funcionários.
críticas e desafios
- Impacto na arrecadação: O governo deixou de arrecadar bilhões em tributos, dificultando o equilíbrio das contas públicas.
- Desigualdade setorial: Apenas alguns segmentos foram contemplados, gerando críticas por parte de outros setores não incluídos.
- Dependência da desoneração: Empresas beneficiadas enfrentam o desafio de se ajustar ao regime tradicional.
análise do governo e do congresso
Embora a desoneração tenha sido amplamente defendida por setores empresariais, o governo federal mostrou preocupação com os impactos fiscais da medida.
Inicialmente, o projeto enviado pelo Ministério da Fazenda ao Congresso previa restrições mais severas ao programa. No entanto, o texto final aprovado pelos parlamentares estendeu o prazo de desoneração até 2027, ampliando o benefício.
Em setembro de 2024, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a lei com alguns vetos, mas preservou a essência do texto que favorecia os setores contemplados.
desoneração x equilíbrio fiscal
A desoneração da folha de pagamentos levanta uma questão importante: como equilibrar incentivos fiscais e sustentabilidade financeira do governo?
De um lado, a medida ajuda a manter empregos e impulsiona a economia. Por outro, compromete a arrecadação do INSS, que já enfrenta desafios para garantir a sustentabilidade do sistema previdenciário.
o que as empresas podem fazer para se preparar?
Com o fim da desoneração em 2027, as empresas precisam começar a se adaptar ao novo cenário econômico. Algumas estratégias incluem:
- Revisão de custos operacionais: Identificar áreas onde seja possível reduzir despesas.
- Planejamento financeiro: Antecipar o impacto do aumento da alíquota de 20%.
- Investimento em automação: Melhorar a eficiência para compensar os custos trabalhistas mais elevados.
considerações finais
A desoneração da folha de pagamentos foi uma política essencial para reduzir custos trabalhistas e estimular setores estratégicos da economia brasileira. Com sua extinção gradual até 2027, milhares de empresas precisarão se adaptar ao regime tradicional de contribuição ao INSS.
Embora a medida tenha gerado benefícios, como redução de custos e geração de empregos, também trouxe desafios, como a queda na arrecadação fiscal. O equilíbrio entre competitividade e sustentabilidade financeira será um dos principais debates econômicos nos próximos anos.
Para empresas, trabalhadores e governo, o momento é de atenção às mudanças, planejamento e busca por soluções que conciliem crescimento econômico e estabilidade fiscal.