A proposta de isenção do Imposto de Renda (IR) para pessoas físicas com rendimento de até R$ 5 mil mensais tem gerado grande repercussão no cenário tributário brasileiro. A medida promete aliviar a carga tributária de milhões de trabalhadores, especialmente os de classe média, oferecendo um aumento direto no poder de compra. Dependendo das deduções, quem ganha até esse valor pode deixar de pagar até R$ 400 a R$ 500 por mês, um impacto financeiro considerável.
Entretanto, essa isenção também traz questões importantes relacionadas à perda de arrecadação para o governo, estimada em cerca de R$ 45 bilhões. Neste artigo, vamos detalhar como funciona a tributação atual, o que a isenção representa para o contribuinte e os impactos dessa mudança tanto para a economia quanto para os cofres públicos.
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Como funciona a tributação atual
A tabela do Imposto de Renda no Brasil é progressiva, ou seja, as alíquotas aumentam conforme a faixa de renda do contribuinte. Atualmente, quem recebe até R$ 5 mil mensais paga a alíquota máxima de 27,5%, que é aplicada sobre a base de cálculo após deduções como o INSS, dependentes, despesas médicas, entre outros.
Exemplo prático:
Uma pessoa que recebe R$ 5.000 mensais, por exemplo, já tem uma dedução automática de R$ 489,04 de IR, o que reduz sua renda líquida para R$ 4.510,96. Após descontado o INSS (aproximadamente R$ 880), esse valor líquido diminui ainda mais, caindo para cerca de R$ 4.120,57.
Isso representa uma diminuição considerável no orçamento, especialmente para quem está na faixa de renda média, que é a mais afetada pela tributação no Brasil.
O que a isenção de IR pode representar para o contribuinte
A proposta de isentar do pagamento do Imposto de Renda pessoas com rendimentos de até R$ 5 mil representa um alívio direto no orçamento de muitas famílias brasileiras. Para um trabalhador que recebe R$ 5.000, a isenção pode gerar um aumento de R$ 400 a R$ 500 mensais na sua renda líquida.
Impacto financeiro
Esse ganho direto pode ter um impacto significativo na vida de trabalhadores assalariados, especialmente para aqueles que estão no limite da faixa de isenção e enfrentam custos de vida elevados. A isenção de IR não só melhora a qualidade de vida desses contribuintes, mas também pode incentivar o consumo, uma vez que o poder de compra aumenta.
Rodrigo Schwartz, professor do Instituto Brasileiro de Estudos Tributários (IBET), afirma: “A eliminação dessa cobrança representa um ganho financeiro direto, que pode aliviar as finanças pessoais de milhões de brasileiros”.

O impacto nos cofres públicos
A isenção de IR para rendas de até R$ 5 mil pode representar uma redução de até R$ 45 bilhões na arrecadação do governo federal. Esse valor corresponde a uma perda de 1,941% da arrecadação total de 2023, que foi de R$ 2,318 trilhões. Esse impacto fiscal exige um planejamento cuidadoso, já que a perda de arrecadação pode afetar outras áreas do orçamento público.
Planejamento fiscal
Para o advogado tributarista Leonardo Branco, essa redução na arrecadação é significativa e deve ser acompanhada de ajustes em outras fontes de receita ou cortes em áreas não prioritárias. Ele alerta que, sem um planejamento fiscal adequado, o governo pode enfrentar dificuldades para equilibrar suas contas públicas.
Comparações internacionais
Ao observar a tributação em outros países, é possível perceber que muitas nações adotam políticas mais flexíveis e faixas de isenção mais amplas, aliviando a carga tributária de cidadãos de classes médias e baixas.
Exemplo de outros países
Nos Estados Unidos, o sistema de tributação do IR conta com deduções mais amplas que permitem a redução significativa do imposto devido. Na França, a estrutura progressiva de impostos isenta uma parte considerável da população de rendas baixas, refletindo uma política fiscal mais inclusiva.
Essas comparações evidenciam a necessidade de uma reforma tributária no Brasil, que revise a tabela do IR para torná-la mais alinhada às práticas internacionais e ao perfil da população brasileira.
Benefícios esperados para a economia
A isenção do IR pode ter efeitos positivos para a economia do país. Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a medida visa promover um “Brasil mais justo”, ao incentivar o consumo e o crescimento local.
Estímulo ao consumo e empreendedorismo
Com mais dinheiro no bolso, as famílias podem gastar mais em bens e serviços, o que impulsiona o comércio e o empreendedorismo. Pequenos negócios podem ser beneficiados, uma vez que consumidores com maior poder aquisitivo tendem a aumentar suas compras e, assim, movimentar a economia local.
Desafios e perspectivas
Apesar dos benefícios diretos para a população, a redução da arrecadação também apresenta desafios significativos para a economia brasileira. A perda de R$ 45 bilhões exige compensações, que podem vir por meio de ajustes em impostos mais altos para as faixas de renda mais altas ou pela revisão de subsídios e incentivos fiscais.
Reforma tributária
Especialistas afirmam que a isenção do IR deve ser acompanhada de uma reforma tributária ampla, que busque simplificar o sistema, combater a evasão fiscal e tornar as alíquotas mais progressivas. Segundo Rodrigo Schwartz, “sem ajustes estruturais, o impacto positivo da isenção pode ser diluído ao longo do tempo, e a carga tributária seguirá sendo um obstáculo ao crescimento econômico”.
Considerações finais
A isenção de IR para pessoas com rendimentos de até R$ 5 mil pode trazer um alívio financeiro significativo para milhões de brasileiros, representando um aumento direto na renda líquida e fortalecendo o poder de compra. No entanto, os desafios fiscais que surgem com essa medida exigem planejamento e compensações cuidadosas por parte do governo.
Se bem implementada, a isenção pode ser um passo importante rumo a um sistema tributário mais justo e eficiente, além de contribuir para o fortalecimento da economia e a melhoria das condições de vida da classe média no Brasil.