A Comissão de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família da Câmara dos Deputados aprovou recentemente um projeto de lei que altera a obrigatoriedade da prova de vida para beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A proposta estabelece que o ato de acessar sistemas ou aplicativos de órgãos públicos será suficiente para comprovar que o beneficiário está vivo, eliminando a necessidade de realizar o procedimento presencial.
A medida, proposta pela deputada Flávia Morais (PDT-GO), visa facilitar a vida dos beneficiários, ao mesmo tempo que busca garantir a continuidade dos pagamentos sem aumentar o risco de fraudes. A aprovação do projeto segue em análise na Câmara dos Deputados e, se aprovado, poderá impactar a forma como os mais de 35 milhões de beneficiários do INSS confirmam sua condição de vida.
Leia mais:
O que é a prova de vida do INSS?
A prova de vida é um procedimento realizado anualmente pelos beneficiários do INSS para confirmar que estão vivos e, assim, garantir a continuidade do pagamento dos benefícios previdenciários. Esse processo visa evitar fraudes e pagamentos indevidos, como por exemplo, no caso de falecimentos não informados ao INSS.
Atualmente, os beneficiários devem realizar a prova de vida anualmente, no mês de seu aniversário, podendo ser feita preferencialmente por meio de sistemas eletrônicos implementados pelas instituições financeiras. A biometria é uma das formas mais comuns de verificação.
Como o projeto altera a prova de vida?
A proposta aprovada pela Comissão de Previdência tem como objetivo adaptar o processo de prova de vida às novas tecnologias e à realidade digital. A ideia central do projeto é que, ao acessar sistemas públicos, como aplicativos de mensagens ou outros serviços digitais, o beneficiário já possa ser considerado como tendo realizado a prova de vida.
De acordo com o projeto, a medida busca reduzir a burocracia para os beneficiários e facilitar a comprovação, especialmente em situações onde a pessoa pode ter dificuldades em realizar o procedimento físico. A aprovação do texto traz algumas novas opções para o procedimento de prova de vida, como:
- Acesso a aplicativos de sistemas públicos: O simples ato de utilizar aplicativos ou sistemas de órgãos públicos, como o INSS, será suficiente para validar a condição de vida do beneficiário.
- Troca de mensagens eletrônicas: O envio ou recebimento de mensagens por meio de plataformas digitais também será considerado uma forma válida de comprovação.
- Flexibilidade em situações de calamidade: O projeto permite que, em situações de emergência ou calamidade pública, o prazo para a realização da prova de vida seja prorrogado por até 12 meses.
Por que a proposta foi criada?
A proposta de desobrigar a prova de vida presencial surge com o objetivo de modernizar o processo e reduzir os transtornos causados aos beneficiários do INSS, especialmente durante períodos de crise, como a pandemia de Covid-19. Segundo a relatora do projeto, deputada Flávia Morais, a simplificação da prova de vida contribuirá para facilitar a vida de milhões de beneficiários, ao mesmo tempo em que permite um controle mais eficiente e seguro por parte do INSS.
Para Morais, a proposta não visa eliminar a prova de vida, mas sim torná-la mais eficiente, sem prejudicar o combate às fraudes. A flexibilização das regras também deve garantir maior acessibilidade para os beneficiários, muitos dos quais enfrentam dificuldades de locomoção ou moram em locais distantes das agências do INSS.
Impactos da mudança na prova de vida
O impacto da proposta, caso seja aprovada, pode ser significativo para os mais de 35 milhões de beneficiários do INSS. A mudança facilitará o processo, permitindo que os cidadãos acessem os sistemas públicos de maneira digital, sem precisar comparecer presencialmente às agências do INSS. Isso não só poupa tempo, mas também pode reduzir custos de deslocamento, especialmente para aqueles que residem em áreas afastadas.
Além disso, a alteração poderá acelerar o processo de prova de vida, uma vez que será possível validá-la de forma mais ágil e prática, sem a necessidade de agendamento e fila nas agências bancárias. A implementação da medida também representa um avanço tecnológico, alinhando-se ao crescente uso de plataformas digitais pelo governo federal.
A opinião de especialistas sobre a desobrigação
Embora a proposta tenha como principal objetivo simplificar o processo, a decisão de desobrigar a prova de vida presencial levanta preocupações entre alguns especialistas. A deputada Flávia Morais, em sua argumentação, mencionou que a exclusão total da prova de vida poderia aumentar os riscos de fraudes. Isso porque, sem um controle rigoroso e uma verificação presencial, ficaria mais difícil identificar falecimentos que não foram comunicados ao INSS.
Contudo, a mudança proposta visa estabelecer um equilíbrio, permitindo que a comprovação de vida seja feita por meio de recursos mais modernos, como o uso de biometria e outras verificações eletrônicas. O governo, por meio de regulamentos a serem definidos, também poderá garantir mecanismos de segurança para evitar abusos ou fraudes no processo.
A continuidade da tramitação no Congresso
A aprovação do projeto na Comissão de Previdência não é o fim do processo legislativo. O texto segue para análise da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados, onde será debatido em caráter conclusivo. Caso seja aprovado, o projeto seguirá para votação no plenário da Câmara e, posteriormente, no Senado Federal.
Se aprovado nas duas casas legislativas, o projeto poderá se transformar em lei, e sua implementação poderá ocorrer de forma gradual, à medida que o governo defina os regulamentos necessários para que os sistemas digitais de prova de vida sejam adotados de forma ampla e segura.
Conclusão
A proposta de desobrigar a prova de vida presencial para beneficiários do INSS, aprovada pela Comissão de Previdência, representa um avanço importante na modernização dos processos administrativos relacionados aos benefícios previdenciários. Ao permitir que o simples ato de acessar sistemas públicos seja suficiente para comprovar a vida, o projeto traz maior comodidade aos beneficiários e pode contribuir para a redução de fraudes.
Embora a medida ainda esteja em processo de análise no Congresso, as mudanças propostas têm o potencial de transformar a maneira como os brasileiros interagem com o sistema de seguridade social, oferecendo um processo mais ágil, eficiente e adaptado às necessidades da população.