Uma possível mudança na legislação previdenciária pode trazer alívio para gestantes enfrentando complicações graves na gravidez. O Supremo Tribunal Federal (STF) está avaliando se mulheres em gestação de alto risco podem receber o auxílio-doença do INSS sem a exigência do período de carência de 12 meses de contribuições.
Entenda a possível mudança no auxílio-doença para grávidas
Atualmente, a Lei 8.213/1991 exige que segurados do INSS tenham ao menos 12 contribuições mensais para terem direito ao auxílio-doença. Há, no entanto, exceções para algumas doenças graves, como câncer e cardiopatias. A gestação de alto risco, no entanto, não está inclusa nessa lista, gerando debates judiciais sobre a necessidade de revisão desse critério.
Por que o stf está analisando o caso?
A análise pelo STF foi motivada por uma decisão da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU), que garantiu o direito ao auxílio-doença a uma gestante de alto risco, mesmo sem cumprir o período de carência. O INSS recorreu, alegando que:
- A decisão da TNU invadiu a competência do governo federal;
- A concessão do benefício sem previsão em lei compromete o equilíbrio financeiro do sistema previdenciário;
- É necessário que a inclusão de condições que dispensam carência seja feita por legislação e não por decisões judiciais.
Leia mais:
Auxílio-doença sofre corte expressivo: INSS planeja manutenção dos ajustes em 2025
O que é gestação de alto risco?
A gestação de alto risco ocorre quando a saúde da mãe, do bebê ou de ambos está em perigo devido a condições clínicas ou complicações durante a gravidez. Alguns exemplos incluem:
- Hipertensão gestacional ou pré-eclâmpsia;
- Diabetes gestacional;
- Problemas cardíacos ou renais preexistentes;
- Risco de parto prematuro.
Essas situações geralmente exigem acompanhamento médico especializado e, muitas vezes, afastamento do trabalho.
Como funciona o auxílio-doença hoje?
O auxílio-doença é um benefício concedido pelo INSS a trabalhadores que estão temporariamente incapazes de exercer suas atividades devido a doença ou acidente.
Critérios para concessão
- Carência de 12 contribuições mensais: exceto em casos de acidentes ou doenças graves listadas pelo governo.
- Comprovação de incapacidade: por meio de perícia médica realizada pelo INSS.
- Qualidade de segurado: o beneficiário deve estar vinculado ao sistema previdenciário no momento do afastamento.
![INSS](https://familiaamparada.com.br/wp-content/uploads/2024/11/seucreditodigital.com_.br-inss-quem-se-aposentou-a-partir-de-junho-deste-ano-vai-receber-13o-em-cota-unica-saiba-mais-13o-INSS-cota-unica-1280x704.jpg)
Doenças que já dispensam carência no inss
Atualmente, a lista de doenças que dispensam a carência de 12 meses de contribuições inclui:
- Tuberculose ativa;
- Hanseníase;
- Neoplasia maligna (câncer);
- Cardiopatia grave;
- Doença de Parkinson;
- AIDS;
- Entre outras (veja a lista completa abaixo).
Essa lista é estabelecida por lei federal e regulamentada pelo Ministério da Previdência.
Lista completa de doenças que dispensam carência
- Lúpus;
- Epilepsia;
- Tuberculose ativa;
- Hanseníase;
- Alienação mental;
- Neoplasia maligna (câncer);
- Cegueira;
- Paralisia irreversível e incapacitante;
- Cardiopatia grave;
- Doença de Parkinson;
- Espondiloartrose anquilosante;
- Nefropatia grave;
- Estado avançado da doença de Paget;
- Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS).
O impacto de incluir gestação de alto risco na lista
Benefícios para as gestantes
A inclusão da gestação de alto risco na lista de condições que dispensam carência pode trazer alívio imediato para milhares de mulheres em situações delicadas, permitindo que elas tenham:
- Renda garantida durante o afastamento;
- Acesso a cuidados médicos adequados;
- Menor preocupação financeira durante a gravidez.
Desafios para o sistema previdenciário
Por outro lado, o INSS alerta para os possíveis impactos financeiros da mudança. A autarquia teme que a ampliação dos critérios para concessão de benefícios comprometa o equilíbrio atuarial do sistema, especialmente em um cenário de aumento do déficit previdenciário.
Como o stf pode decidir?
Possíveis cenários
- Manutenção da exigência de carência: o STF pode decidir que a dispensa da carência para gestantes de alto risco só pode ser feita por lei, mantendo as regras atuais.
- Dispensa de carência: o tribunal pode entender que a gestação de alto risco é uma condição excepcional que justifica a concessão do benefício sem carência, criando um precedente para outros casos.
Prazo para decisão
Embora ainda não haja data definida para o julgamento, a expectativa é que o tema seja tratado com urgência, dada sua relevância social e o impacto na vida das beneficiárias.
O que as gestantes podem fazer enquanto aguardam?
Enquanto a decisão do STF não é definida, gestantes em situações de alto risco podem:
- Buscar orientação jurídica: para entender seus direitos e avaliar a possibilidade de ingressar com ações judiciais;
- Consultar um médico especializado: para obter laudos e atestados que comprovem a gravidade do caso;
- Manter a regularidade das contribuições previdenciárias: para garantir a qualidade de segurada no INSS.
Considerações finais
A decisão do STF sobre a dispensa de carência para gestantes de alto risco no auxílio-doença tem potencial para transformar a vida de milhares de mulheres no Brasil. Embora o debate envolva questões técnicas e orçamentárias, o foco principal deve ser a proteção social de quem mais precisa.
Enquanto isso, é fundamental que gestantes busquem informações e estejam preparadas para defender seus direitos, caso necessário.