A partir de 1º de janeiro de 2025, o Brasil experimenta uma alteração importante no valor do salário mínimo, que subirá para R$ 1.518,00. Esse reajuste, que pode parecer simples à primeira vista, tem repercussões significativas não só para os trabalhadores que recebem o piso nacional, mas também para diversos outros benefícios sociais e financeiros no país.
Neste artigo, vamos explicar de forma clara e descomplicada o que muda com esse novo valor do salário mínimo, quem será afetado e como isso impactará a economia brasileira.
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O novo valor do salário mínimo: Como isso afeta os brasileiros?
Em 2025, o salário mínimo no Brasil será reajustado para R$ 1.518,00, um aumento de R$ 106 em relação aos R$ 1.412 pagos atualmente. Embora esse reajuste pareça modesto, ele tem um impacto considerável em uma série de pagamentos e benefícios sociais que são indexados ao salário mínimo. Para entender as mudanças, vamos explorar os principais pontos que serão afetados.

O que está por trás do novo salário mínimo?
O novo valor do salário mínimo foi sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva como parte de um pacote de medidas para controlar os gastos públicos. O Congresso Nacional aprovou essa alteração, e a medida já está em vigor, com efeito desde 1º de janeiro de 2025. O governo estima que essa mudança pode resultar em uma economia de R$ 15,3 bilhões em dois anos.
Além disso, a alteração no piso salarial afeta não apenas os trabalhadores do setor privado, mas também aposentados, pensionistas e beneficiários de programas sociais.
Como o reajuste afeta os benefícios sociais?
O aumento do salário mínimo impacta diretamente diversos benefícios pagos pelo governo. Vamos analisar com mais detalhes os principais deles.
INSS: Aposentadorias e pensões
Para milhões de brasileiros, a mudança no salário mínimo é particularmente importante, pois muitas aposentadorias e pensões são pagas com base nesse valor. Atualmente, cerca de 28 milhões de aposentados e pensionistas do INSS recebem o valor mínimo, o que representa cerca de 70% dos beneficiários.
As aposentadorias que já estão acima do salário mínimo receberão um reajuste, mas de acordo com a inflação (medida pelo INPC), o que implica em um aumento menor do que o do salário mínimo. Isso significa que, enquanto o piso salarial cresce 7,5%, os benefícios mais altos podem ter um aumento de apenas 3,85%, que é a inflação acumulada nos últimos 12 meses até o final de 2024.
Abono do PIS/Pasep: Aumento no teto de renda
Outra mudança importante diz respeito ao abono salarial, pago anualmente aos trabalhadores de empresas privadas e servidores públicos que ganham até dois salários mínimos. Em 2025, poderão receber o PIS/Pasep aqueles que ganham até R$ 2.640,00, o que representa uma expansão no número de beneficiários do programa.
No entanto, a partir de 2026, o governo planeja reduzir gradualmente o teto de renda para o pagamento do abono salarial, que será ajustado pela inflação até atingir o equivalente a 1,5 salário mínimo. Isso poderá afetar milhões de trabalhadores que dependem desse benefício.
Benefício de Prestação Continuada (BPC/Loas)
O BPC, destinado a pessoas com deficiência e idosos em situação de vulnerabilidade social, também passará por alterações importantes. A nova lei estabelece que, para ter direito ao benefício, a família deve ter uma renda per capita de até um quarto do salário mínimo. Isso representa um aumento na exigência de rendimento das famílias, o que pode dificultar o acesso de muitas pessoas ao benefício.
Além disso, o governo agora exigirá que as famílias que recebem o BPC façam cadastros atualizados, incluindo a biometria e o código da Classificação Internacional de Doenças (CID) de um médico, como parte do processo de avaliação.
Seguro-desemprego: Sem mudanças por enquanto
Embora o valor do salário mínimo tenha impacto no valor das parcelas do seguro-desemprego, não houve mudanças nas regras do benefício para 2025. No entanto, o governo federal está estudando uma revisão das regras para o futuro. Para quem recebe o seguro-desemprego, o valor mínimo das parcelas será de R$ 1.518,00, já que o salário mínimo é o parâmetro utilizado para o cálculo do benefício.
Repercussões no Microempreendedor Individual (MEI)
Os microempreendedores individuais (MEIs) também sentirão o impacto do novo salário mínimo, já que sua contribuição para o INSS é calculada com base no valor do piso salarial. Em 2025, o MEI terá que pagar uma contribuição de 5% sobre o salário mínimo, o que resultará em um valor mensal de R$ 75,90. Esse valor é destinado à cobertura de benefícios como aposentadoria, auxílio-doença e pensão por morte para os dependentes.
Cadastro Único (CadÚnico) e seus impactos
O Cadastro Único (CadÚnico) é fundamental para o acesso a vários programas sociais no Brasil, como o Bolsa Família e o Minha Casa Minha Vida. Com o aumento do salário mínimo, houve um ajuste nos valores de renda per capita que caracterizam a baixa renda. A partir de 2025, a renda máxima para se considerar uma família de baixa renda será de até R$ 759 por pessoa, ou R$ 4.554 por família.

Essa atualização pode ampliar o número de famílias que têm acesso a benefícios, mas também representa um desafio para a gestão dos programas sociais, pois exigirá mais controle e fiscalização.
Impactos nas indenizações judiciais
Outra área afetada pelo reajuste do salário mínimo são as indenizações judiciais. Nos Juizados Especiais, o valor máximo das indenizações subirá com o novo piso salarial. Para ações em Juizados Especiais Cíveis, que lidam com litígios contra empresas privadas, o teto será de R$ 60.720, enquanto nas ações contra a União, nos Juizados Especiais Federais, o valor máximo de indenização será de R$ 90.080.
A expectativa para os próximos anos
Com a mudança no salário mínimo, o Brasil também verá mudanças nas regras de pagamento de vários benefícios e programas sociais. Além disso, a correção do valor pode ser ajustada anualmente com base na inflação e no crescimento do PIB, garantindo um aumento constante do poder de compra para os trabalhadores que dependem do piso salarial.
No entanto, a redução gradual do teto de renda para o abono salarial e a introdução de novos critérios para o BPC indicam que o governo está buscando formas de otimizar os gastos públicos enquanto ainda tenta manter um nível razoável de suporte para as camadas mais vulneráveis da população.
O reajuste do salário mínimo para R$ 1.518,00 em 2025 afeta uma ampla gama de brasileiros, desde trabalhadores do setor privado até aposentados e beneficiários de programas sociais. Embora o aumento não seja exorbitante, ele reflete a importância de se manter um valor mínimo que garanta a sobrevivência básica de milhões de pessoas em todo o país.
Enquanto isso, as mudanças nas regras de programas como o PIS/Pasep, o BPC e o seguro-desemprego indicam uma tentativa de ajuste nas políticas públicas para lidar com as pressões econômicas do país, com ênfase na redução dos gastos públicos. A transição para um novo modelo econômico exige cautela, mas também pode representar um passo importante para o equilíbrio fiscal do Brasil nos próximos anos.