Com a chegada do prazo para envio da declaração do Imposto de Renda 2025, milhões de brasileiros precisam organizar documentos, reunir comprovantes e preencher cuidadosamente o formulário. No entanto, mesmo com os avanços tecnológicos, como a declaração pré-preenchida, muitos contribuintes ainda caem na temida malha fina por cometer erros simples e, muitas vezes, evitáveis.
Em 2024, mais de um milhão de pessoas tiveram suas declarações retidas pela Receita Federal. A maior parte dos problemas está relacionada a omissões de rendimentos, inconsistência de dados, deduções indevidas e preenchimento incorreto das fichas. Para ajudar você a não fazer parte dessa estatística, reunimos neste artigo os cinco erros mais comuns que levam à malha fina e como evitá-los ao declarar o Imposto de Renda em 2025.
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O que é a malha fina
A malha fina é um processo de verificação realizado pela Receita Federal para identificar inconsistências nas declarações do Imposto de Renda. Quando a declaração apresenta dados divergentes em relação às informações disponíveis nos sistemas da Receita, ela é retida para análise mais detalhada.
Enquanto o contribuinte não regulariza a pendência, a restituição, se houver, não é liberada. Em alguns casos, podem ser aplicadas multas ou abertura de processos de fiscalização. Por isso, é fundamental entender os principais motivos que levam à malha fina e como corrigi-los a tempo.
Erro 1: omissão de rendimentos
O que é
Um dos erros mais frequentes é não declarar todos os rendimentos recebidos no ano-calendário. Isso inclui salários, aposentadorias, pensões, aluguéis, honorários, benefícios previdenciários e até prêmios de loterias.
Por que acontece
Muitas vezes, o contribuinte esquece de informar rendimentos de empregos temporários, resgates de investimentos ou até valores recebidos de forma eventual. Outro erro comum é omitir rendimentos de dependentes ou de uma segunda fonte pagadora.
Como evitar
Solicite todos os informes de rendimentos das empresas, instituições financeiras e corretoras. Lembre-se de que, se o CPF for informado à fonte pagadora, a Receita terá acesso à informação. Portanto, o ideal é cruzar os dados e não deixar nenhum valor de fora, mesmo que pequeno.
Erro 2: deduções indevidas ou sem comprovante
O que é
Declarar despesas como dedutíveis sem que elas se enquadrem nas regras da Receita ou sem apresentar os devidos comprovantes é uma prática arriscada. Isso pode incluir gastos com saúde, educação, dependentes ou pensão alimentícia.
Por que acontece
Alguns contribuintes inserem despesas esperando aumentar a restituição, sem se atentar às exigências legais. Outros desconhecem os limites ou confundem tipos de despesas que são, de fato, dedutíveis.
Como evitar
Tenha os comprovantes organizados e verifique se o CNPJ ou CPF do prestador de serviço está correto. No caso de saúde, apenas despesas com profissionais e instituições reconhecidos podem ser abatidas. Já com educação, só são permitidos gastos com ensino básico, médio e superior. Cursos extracurriculares, como idiomas ou esportes, não entram.
Erro 3: não declarar dependentes corretamente
O que é
Incluir um dependente na declaração exige que todos os rendimentos e bens dessa pessoa sejam também informados. Ignorar esse detalhe ou declarar dependentes fora dos critérios pode gerar problemas.
Por que acontece
Há casos em que contribuintes tentam obter deduções incluindo filhos maiores de idade que não se enquadram mais como dependentes ou não declaram corretamente as rendas recebidas por eles, como estágios, pensões ou bolsas.
Como evitar
Verifique as regras atualizadas para 2025 e só inclua como dependente quem realmente se enquadra. Em caso de dúvidas, vale considerar a entrega de declarações separadas, especialmente se o dependente tiver rendimentos próprios que superem as deduções.
Erro 4: inconsistência em dados bancários ou de bens
O que é
Erros no preenchimento de contas bancárias, imóveis, veículos ou outros bens patrimoniais são comuns. Informar valores errados, deixar campos obrigatórios em branco ou declarar dados incorretos pode chamar a atenção da Receita.
Por que acontece
Alguns contribuintes copiam informações de anos anteriores sem atualizar os valores. Outros simplesmente não incluem bens adquiridos no ano, pensando que ainda não é necessário declarar.
Como evitar
Atualize todos os dados com base em extratos e documentos oficiais. No caso de imóveis, informe o valor de aquisição, mesmo que o valor de mercado tenha mudado. Para veículos, utilize o valor pago e informe renavan, ano, marca e modelo corretamente.
Erro 5: divergências com dados de terceiros
O que é
A Receita cruza informações entre as declarações. Se um contribuinte informa um valor e a outra parte declara um número diferente, a inconsistência pode levar ambos à malha fina.
Por que acontece
Isso ocorre, por exemplo, em casos de pensão alimentícia, doações, aluguel de imóveis e até na inclusão de dependentes. Se o valor pago de pensão não bate com o declarado por quem recebeu, há risco de retenção.
Como evitar
Combine previamente com as partes envolvidas para garantir que os valores lançados sejam idênticos. Em caso de pagamento de pensão, utilize transferências identificadas e guarde comprovantes. No caso de aluguel, utilize contratos formais e recibos mensais.
A importância da declaração pré-preenchida

A declaração pré-preenchida tem se mostrado uma ferramenta eficaz para reduzir erros e acelerar o processo de preenchimento. Em 2025, ela estará disponível para mais contribuintes, inclusive para quem utiliza conta nível prata ou ouro no portal de serviços do governo.
Esse modelo traz automaticamente dados como rendimentos, deduções, bens e dívidas informados por fontes pagadoras, médicos e instituições financeiras. No entanto, o contribuinte continua responsável por revisar todas as informações, corrigir o que estiver errado e complementar os dados que faltarem.
Como corrigir erros após o envio
Se o contribuinte perceber algum erro depois de enviar a declaração, é possível fazer uma retificadora a qualquer momento, enquanto a declaração estiver sob análise. A retificação deve conter todos os dados, inclusive os que estavam corretos, e pode ser feita no próprio programa da Receita ou por meio do e-CAC.
Fazer a correção de forma espontânea evita multas e acelera a liberação da restituição, caso a Receita aceite a retificação.
Restituição e malha fina
Aqueles que enviam a declaração com antecedência, sem erros e com direito à restituição, costumam receber nos primeiros lotes. Já quem cai na malha fina tem o pagamento suspenso até que resolva as pendências com a Receita Federal.
Além disso, contribuintes que fazem parte de grupos prioritários, como idosos, pessoas com deficiência e professores, têm direito a receber antes, desde que estejam com a declaração regularizada.
Dicas finais para evitar complicações
- Reúna todos os documentos antes de começar a preencher
- Use a declaração pré-preenchida sempre que possível
- Consulte as regras atualizadas no site da Receita Federal
- Utilize um contador em casos mais complexos
- Guarde os comprovantes por, no mínimo, cinco anos
- Revise todos os dados antes de enviar
Conclusão
Evitar a malha fina em 2025 exige atenção, organização e cuidado com cada informação inserida na declaração. Os erros mais comuns são perfeitamente evitáveis com planejamento e verificação. A Receita Federal dispõe de mecanismos modernos de cruzamento de dados, e qualquer inconsistência pode gerar dores de cabeça desnecessárias.
Ao compreender os principais pontos de atenção, utilizar os recursos disponíveis e declarar com responsabilidade, o contribuinte garante mais tranquilidade e aumenta as chances de receber a restituição com rapidez e sem imprevistos.