Em meio ao cenário contínuo de vigilância contra a pandemia, o Ministério da Saúde anunciou a aquisição de 57 milhões de doses da vacina contra a Covid-19 para o calendário de imunização de 2025. A decisão ocorre em um momento em que o mundo mantém a atenção voltada para a evolução de novas variantes do coronavírus, exigindo respostas rápidas, seguras e baseadas em ciência.
A aquisição é parte de uma estratégia nacional de prevenção e controle, especialmente para garantir proteção aos grupos mais vulneráveis da população. A previsão é que a vacinação continue sendo um dos pilares fundamentais para a manutenção da saúde coletiva e para a prevenção de surtos.
Leia mais:
Brasil amplia estoque de vacinas contra a dengue com novo lote importado
Estratégia de aquisição das vacinas
O contrato de compra foi firmado por meio de ata de registro de preços com validade de até 24 meses. O acordo garante que a distribuição das doses seja feita de forma escalonada, de acordo com a necessidade e a adesão da população às campanhas de vacinação.
A primeira remessa, com 8,5 milhões de doses, está programada para ser entregue até maio de 2025. A previsão é que novas remessas sejam entregues ao longo do ano, à medida que os estados e municípios solicitem a reposição de seus estoques.
Mudança de fornecedora e aprovação da Anvisa
Inicialmente, a fornecedora contratada seria a empresa Zalika. No entanto, a falta de aprovação da versão atualizada da vacina junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) motivou a substituição da fornecedora. A Pfizer, que já possui vacinas aprovadas e atualizadas no país, assumiu a responsabilidade pela entrega do novo lote.
A vacina da Pfizer contém formulação adaptada às subvariantes mais recentes da cepa Ômicron, que seguem sendo predominantes em diversas regiões do mundo. A aprovação pela Anvisa reforça a segurança e eficácia do imunizante para uso emergencial e preventivo em larga escala.
Quem terá prioridade na vacinação em 2025
A vacinação seguirá priorizando os grupos mais suscetíveis a complicações decorrentes da Covid-19. De acordo com o Ministério da Saúde, os seguintes públicos devem receber as novas doses:
- Crianças menores de 5 anos
- Idosos
- Gestantes
- Puérperas
- Imunocomprometidos
- Pessoas com comorbidades
- Populações ribeirinhas, indígenas e quilombolas
Esses grupos seguirão um cronograma específico, com intervalos de reforço de acordo com a situação clínica de cada categoria. Idosos e imunossuprimidos deverão receber reforço a cada seis meses. Já gestantes terão direito a uma dose por gestação, enquanto os demais integrantes dos grupos prioritários receberão uma dose anual.
Meta de cobertura vacinal
A meta do Ministério da Saúde é atingir 90% de cobertura vacinal entre os grupos prioritários até o final de 2025. Atualmente, cerca de 86% da população brasileira completou ao menos o esquema primário com duas doses, o que posiciona o Brasil entre os países com maior taxa de adesão à vacinação.
Apesar disso, os dados mais recentes indicam uma queda na procura por reforços, principalmente entre a população mais jovem. Para reverter essa tendência, o governo federal prepara uma campanha nacional de conscientização, com foco em desinformação e combate às fake news.
A importância da vacinação contínua
Embora a Organização Mundial da Saúde tenha declarado o fim da emergência sanitária global em 2023, a Covid-19 continua a circular e a causar internações, especialmente entre pessoas com condições pré-existentes ou sistema imunológico comprometido.
A vacinação contínua é recomendada como forma de manter a população protegida contra hospitalizações, sequelas de longo prazo (conhecidas como Covid longa) e mortes. A cada nova mutação, o risco de escape imunológico aumenta, o que torna essencial a atualização constante dos imunizantes.
Produção, armazenamento e logística
A logística de vacinação seguirá os protocolos já estabelecidos pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI). As vacinas serão armazenadas em câmaras frias, transportadas para os centros de distribuição estaduais e, posteriormente, entregues aos municípios.
A prioridade é garantir que regiões de difícil acesso, como áreas rurais, comunidades indígenas e zonas de fronteira, recebam as doses dentro do prazo adequado. Para isso, o governo utilizará aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) e veículos refrigerados para garantir a integridade das vacinas.
Vacinação em escolas e unidades móveis
Uma das estratégias para ampliar a cobertura vacinal será a retomada de ações de vacinação em escolas públicas, principalmente para crianças de até 11 anos. A imunização escolar já demonstrou alto índice de adesão e será combinada a campanhas educativas voltadas para pais e responsáveis.
Além disso, unidades móveis de saúde serão utilizadas para realizar vacinação em áreas remotas, com prioridade para municípios que apresentem baixa cobertura nos registros do sistema do SUS.
Monitoramento de efeitos adversos
Todas as vacinas distribuídas pelo Ministério da Saúde serão monitoradas por meio da rede nacional de farmacovigilância. Os profissionais de saúde responsáveis pela aplicação deverão registrar qualquer evento adverso identificado após a imunização.
Até o momento, os efeitos colaterais mais comuns observados continuam sendo leves e passageiros, como dor no local da aplicação, febre baixa e cansaço nas primeiras 24 horas após a dose. A Anvisa reforça que os benefícios da vacinação superam amplamente os riscos.
Planejamento orçamentário

O investimento previsto para a aquisição das 57 milhões de doses gira em torno de R$ 700 milhões, valor que será financiado pelo orçamento do Ministério da Saúde para ações emergenciais e estratégicas em saúde pública.
O planejamento orçamentário também contempla recursos destinados à logística, treinamento de equipes, campanhas de informação e aquisição de insumos como seringas, agulhas e EPIs (equipamentos de proteção individual).
Expectativas para 2025
A expectativa das autoridades sanitárias é que 2025 seja um ano de reforço na conscientização da população. Apesar da redução no número de óbitos, a pandemia evidenciou a importância de um sistema público de saúde robusto e preparado para responder a ameaças globais.
A vacinação contra a Covid-19 passou a integrar de forma definitiva o calendário nacional e deverá coexistir com outras campanhas tradicionais, como gripe, sarampo e poliomielite. O objetivo é garantir que a população esteja protegida de maneira contínua, sem deixar lacunas que possam ser exploradas por novas variantes.
Considerações finais
A compra de 57 milhões de doses da vacina contra a Covid-19 pelo Ministério da Saúde é um passo decisivo na manutenção da estratégia nacional de prevenção e combate à pandemia. Com foco na atualização dos imunizantes e na proteção dos grupos vulneráveis, o governo brasileiro reforça o compromisso com a saúde pública e com a ciência.
O êxito da campanha dependerá, no entanto, do engajamento da população. A vacinação é um pacto coletivo pela vida, e manter o calendário vacinal em dia continua sendo a melhor defesa contra a Covid-19.