Em abril de 2024, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15), considerado uma prévia da inflação oficial, apresentou uma desaceleração significativa, ficando em 0,43%. Esta marca representa uma leve redução em comparação ao mês anterior, quando a inflação foi de 0,64%. Apesar dessa desaceleração no ritmo da inflação, a situação continua preocupante, especialmente quando se observa o impacto do aumento dos preços de alimentos essenciais, como o tomate, que subiu mais de 30%.
A tendência de desaceleração da inflação traz um alívio momentâneo, mas, para o consumidor, o peso nos bolsos continua, principalmente pela persistente alta nos preços dos alimentos. Neste contexto, o que mais preocupa é o aumento constante em itens da cesta básica, que não apenas geram dificuldades para as famílias brasileiras, mas também mantêm o índice de inflação acima das metas estipuladas pelo governo. O cenário permanece pressionando as decisões do Banco Central, que segue atento ao equilíbrio econômico.
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Inflação desacelera, mas persiste a pressão sobre o bolso do consumidor

Com uma alta de 0,43% no IPCA-15 de abril, o resultado ficou levemente acima das expectativas do mercado, que previam uma inflação de 0,42%. No entanto, o efeito da desaceleração foi atenuado pelo aumento dos preços de alimentos, especialmente os mais consumidos nas mesas dos brasileiros.
A comparação entre abril de 2024 e abril de 2023 é reveladora. O IPCA-15 havia sido de 0,21% no mesmo período do ano passado, evidenciando que a desaceleração, apesar de notável, não foi suficiente para aliviar totalmente a pressão inflacionária.
O índice de inflação acumulado nos últimos 12 meses, embora mais baixo que o mês anterior (5,49% contra 5,26%), ainda está bem acima da meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que estabelece uma meta de 3%, com tolerância de até 4,5%. Esse cenário reforça a expectativa de que o Banco Central manterá sua política monetária restritiva, o que significa que os juros provavelmente continuarão elevados.
O peso dos alimentos no orçamento das famílias
O grupo de alimentação e bebidas, responsável pela maior parte da alta de 1,14% no índice, é o grande vilão dessa inflação. Entre os itens que mais impactaram o orçamento das famílias está o tomate, que teve um aumento impressionante de 32,67%. O preço do tomate já vinha avançando nos meses anteriores, mas o aumento de abril foi uma surpresa negativa para muitos consumidores.
Além do tomate, outros produtos alimentícios também tiveram altas expressivas. O café, por exemplo, registrou um aumento de 6,73%, enquanto o leite longa vida subiu 2,44%. Esses aumentos prejudicam especialmente as famílias de baixa e média renda, que gastam uma maior proporção de sua renda com alimentação.
Setores que influenciam a inflação em abril
Alimentação e bebidas
O aumento no custo de alimentos como o tomate foi o principal fator para a alta no índice de abril. A disparada de 32,67% no preço do tomate destaca-se entre os principais vilões da inflação, sendo um reflexo das dificuldades enfrentadas pela produção agrícola devido a questões climáticas e logísticas. Além disso, outros produtos do setor de alimentos também registraram aumentos, o que pressionou ainda mais o custo de vida.
Saúde e cuidados pessoais
O setor de saúde e cuidados pessoais também foi um dos que mais contribuiu para a alta geral da inflação, com um aumento de 0,96%. Esse crescimento foi impulsionado pelos reajustes nos preços dos medicamentos e dos planos de saúde, o que afeta diretamente os orçamentos das famílias que dependem desses serviços para cuidados médicos regulares.
Transportes
Por outro lado, o setor de transportes registrou uma queda de 0,44%. Esse resultado negativo foi puxado pela redução nos preços das passagens aéreas, que sofreram uma queda significativa em abril, após um período de alta. Além disso, os preços dos combustíveis, como o etanol, gasolina e gás veicular, também tiveram uma leve queda, o que ajudou a equilibrar os índices de inflação.
O impacto nos próximos meses: expectativa para o futuro da inflação
O Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central, trouxe uma previsão de desaceleração leve para a inflação ao longo do ano, com a estimativa para o IPCA caindo de 5,65% para 5,57%. No entanto, segundo as projeções, a meta de inflação só deve ser atingida em 2026, quando o índice deve alcançar 4,5%. Até lá, o governo e o BCB seguirão com desafios para controlar a inflação e garantir o equilíbrio entre crescimento econômico e poder de compra das famílias.
O cenário atual, com a inflação ainda pressionada por alimentos e serviços essenciais, mostra que a recuperação do poder aquisitivo das famílias deve ser lenta. A atenção do Banco Central aos ajustes na taxa de juros e à política fiscal será crucial para os próximos passos da economia.
Conclusão: O desafio de controlar a inflação e garantir a estabilidade econômica

Embora a inflação tenha desacelerado em abril, o aumento dos preços dos alimentos continua sendo um dos maiores desafios para as famílias brasileiras. Com a alta do tomate e outros produtos da cesta básica, o bolso do consumidor ainda sente o peso da inflação. A expectativa é que, nos próximos meses, a inflação siga controlada, mas com os alimentos ainda desempenhando um papel crucial na formação do índice.
O impacto disso no cotidiano dos brasileiros exige atenção, pois, mesmo com um arrefecimento da inflação, as dificuldades econômicas permanecem. O Banco Central precisará continuar atento ao cenário e buscar políticas que garantam a estabilidade econômica, sem prejudicar a recuperação do poder de compra das famílias.