O comportamento de consumo no Brasil é marcado por fortes diferenças regionais. Um levantamento recente da Futura Inteligência, divulgado em março, revelou que seis estados brasileiros apresentam um poder de compra significativamente acima da média nacional. A pesquisa destacou não apenas a renda elevada desses locais, mas também uma rotina de consumo mais intensa e um acesso mais facilitado a serviços.
Esses estados foram carinhosamente apelidados de “onças brasileiras”, em alusão à força e frequência de seu consumo. Mas quem são eles? E o que explica essa diferença em relação ao restante do país?
Leia mais:
Passagem de graça para idosos: descubra quem tem direito e como usar!
Quem lidera o consumo no Brasil?

Lista dos estados com maior poder de compra
De acordo com o estudo, os estados que se destacam são:
- Espírito Santo;
- Goiás;
- Paraná;
- Santa Catarina;
- Mato Grosso;
- Mato Grosso do Sul.
Essas unidades federativas demonstram um padrão de consumo mais robusto, com maior frequência de idas ao supermercado e um gasto médio mensal superior ao restante do país.
Números que impressionam
O levantamento mostrou que 38,8% dos entrevistados nesses estados fazem compras entre uma e duas vezes por semana, muito acima da média nacional. O ticket médio também chama atenção: R$ 999,80 por mês, enquanto o valor médio brasileiro é de R$ 894,10.
Essa diferença evidencia como as condições socioeconômicas regionais impactam diretamente os hábitos de consumo da população.
O que define o poder de compra?
Mais do que o valor do salário
O poder de compra é um conceito que vai além da renda mensal. Ele é medido pela capacidade de consumo que as famílias têm depois de descontados gastos essenciais, considerando:
- Renda disponível;
- Custo de vida local;
- Acesso a produtos e serviços;
- Infraestrutura e qualidade de vida.
Assim, mesmo estados com salários médios semelhantes podem apresentar poderes de compra muito distintos, dependendo desses fatores.
Fatores que influenciam o poder de compra
Alguns dos principais elementos que determinam o poder de compra em cada região incluem:
- Economia aquecida: maior oferta de empregos e salários competitivos.
- Custo de vida equilibrado: preços acessíveis em alimentação, moradia e transporte.
- Infraestrutura de qualidade: presença de serviços públicos e privados eficientes.
- Acesso a crédito: facilidade de financiamento e compra parcelada.
O perfil dos consumidores nas “onças brasileiras”
Maior mobilidade urbana
Um dos pontos destacados pela pesquisa é que nesses seis estados há uma maior proporção de moradores com carro próprio, além de um uso mais intenso de aplicativos de transporte. Isso amplia o alcance dos consumidores e facilita o acesso a centros comerciais e serviços variados.
Frequência nas compras
Enquanto a média nacional de idas ao supermercado é mensal ou quinzenal, nos estados de maior poder de compra, o hábito semanal é a regra. Isso indica um comportamento de consumo mais dinâmico, com compras menores e mais frequentes — modelo associado a classes sociais com maior poder aquisitivo.
Variedade no carrinho
Nessas regiões, os consumidores tendem a diversificar suas compras, adquirindo não apenas itens básicos, mas também produtos de maior valor agregado, como:
- Alimentos gourmet
- Produtos de limpeza premium
- Bebidas importadas
- Cosméticos e perfumaria de marca
Essa escolha reflete uma busca por qualidade e conforto, compatível com uma renda mais elevada.
Comparativo: estados de maior e menor poder de compra
Estado | Ticket médio mensal | Frequência de compras |
---|---|---|
Espírito Santo | R$ 1.020,00 | 2x por semana |
Goiás | R$ 980,00 | 1 a 2x por semana |
Paraná | R$ 1.010,00 | 2x por semana |
Santa Catarina | R$ 1.050,00 | 2x por semana |
Mato Grosso | R$ 995,00 | 1 a 2x por semana |
Mato Grosso do Sul | R$ 990,00 | 1 a 2x por semana |
Média nacional | R$ 894,10 | 1x por quinzena |
Fonte: Futura Inteligência, março 2025.
Por que conhecer o poder de compra é importante?

Estratégias para empresas e investidores
Entender quais estados possuem maior poder de compra permite que empresas e investidores direcionem melhor suas estratégias de marketing, expansão e oferta de produtos. Regiões com maior consumo representam oportunidades mais robustas de crescimento.
Políticas públicas mais eficientes
Governos também podem usar esses dados para orientar políticas públicas, como incentivos fiscais e investimentos em infraestrutura, melhorando ainda mais o ambiente de consumo e qualidade de vida da população.
Reflexo das desigualdades regionais
O estudo ainda reforça a necessidade de ações para reduzir as desigualdades regionais, oferecendo melhores condições de acesso a renda e serviços básicos para estados com menor poder de compra.
Perspectivas para o futuro
Com as transformações econômicas e sociais que o Brasil atravessa, é provável que o mapa do poder de compra continue mudando nos próximos anos. Fatores como investimentos em infraestrutura, políticas de renda e novos polos econômicos podem redesenhar o ranking, criando novas “onças brasileiras” no cenário nacional.
Imagem: Reprodução / Freepik